sábado, 11 de julho de 2009

Mudando de endereço

Depois de uns bons anos aqui no Blogger me toquei que O WP, que na versão pra servidor eu já conheço de cabo a rabo e sei como é fodástico, é uma opção muito mais bacana também na versão .com. E é pra lá que o Buraco de Traça está se mudando, de mala e cuia, inclusive com uma URL mais a ver:

http://buracodetraca.wordpress.com

Os posts antigos foram importados sem o menor problema (e já tem novos). O visual é que ainda estou ajeitando, não reparem a bagunça.

Vejo vocês por lá.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Marilyn e JFK | François Forestier

Pela observação ácida do autor na orelha do livro – “Para iluminar um pouco tanta escuridão, foi preciso uma sólida documentação, um editor paciente e um defeito crucial: uma má índole” – já dá pra sacar a baixaria que vem pela frente. E ninguém pode negar, má índole não falta a Forestier, francês, crítico de cinema e dramaturgo. Nas mesmas duzentas páginas ele desce aos porões do presidente mais popular da história americana e da maior sex symbol de Hollywood, pega os seus “retratos de Dorian Gray”, os expôe na vitrine para quem estiver interessado e avisa: “olha, é assim que eles eram na verdade, OK?”. Segundo fontes pela net muita coisa exposta é especulação, mas e daí? Não torna o livro menos divertido.

Os famosos “20 segundos”, tempo que duravam as bimbadas de Kennedy, a bipolaridade de Marilyn, ao mesmo tempo deusa e garota mimada, todos os detalhes sórdidos são esmiuçados com deleite e humor negro ímpares, sem esquecer dos coadjuvantes – o corno manso Arthur Miller, o nem tão manso DiMaggio, o insuportável Sinatra, a “amélia” Jackie, só para citar algumas vítimas do implacável Forestier.

E a barra era mesmo pesada: Máfia, CIA, FBI e KGB embolavam seus fios de escuta, perdidos em um mar de corrupção, compra de votos, loucura e hedonismo sem limites. Tudo de podre que acontecia na cúpula política e artística dos EUA durante a gestão JFK – e seu affair de quase dez anos com a loira definitiva – era devidamente registrado em áudio, fotos e relatórios infindáveis. A farra nunca terminava, tanto nas mansões de Malibu quanto nos muquifos dos arapongas.

Como diz o prólogo, “é uma história que todo mundo conhece, mas ninguém conhece”. Marilyn, piranha drogada de talento duvidoso e JFK, filho-de-papai e bon vivant inconsequente, que por pouco não colocou fogo atômico no mundo. Esqueça Bill Clinton e o boquete da estagiária mocréia, isso aqui sim é história quente. E quanto mais quente...

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Diário | Chuck Palahniuk

Ele inventou Tyler Durden. Que a regra número um do Clube da Luta é não falar sobre o Clube da Luta. Palahniuk é fodão, mas tem um problema: justamente o próprio Clube da Luta, tão bom que deixa nossa expectativa sempre altíssima quando vamos ler algo novo do cara, e nunca dá a mesma onda.

Com “Diário” é por aí, embora a prosa paranóica, entrecortada e enigmática esteja lá, assim como todas as mensagens subliminares e críticas – tanto veladas quanto diretas na cara – ao american way of life.

O tal diário é de Misty, dona de casa frustrada, alcoólatra e garçonete em uma ilha onde os ricos do litoral tem casas de veraneio. A pobre também é mãe de uma pré-adolescente e esposa de um louco em coma que, antes de tentar o suicídio e virar vegetal, praticou uma série de vandalismos inusitados nas casas onde fez serviços de carpintaria.

Mas como tudo que Palahniuk escreve, nada é o que parece – a monotonia insuportável dos dias de Misty vai ganhando nuances misteriosos, revelados em pequenas pistas, e um quebra-cabeça é montado peça a peça conforme os dias são relatados nas páginas do diário.

Boa história, bom clima, desfecho razoável. Mas não tem Tyler Durden. Quem sabe no próximo, Chuck?