
Dizem que "O Caçador de Andróides" não é o melhor livro de Philip K. Dick, então fico assombrado pensando o que diabo ele escreveu nos outros (estou com "O Homem do Castelo Alto" na fila, breve uma prova dos nove).
O sujeito criou sua própria versão de futuro em 1980, concebendo um 1992 que sombriamente se parece bastante com o nosso século 21, com o clima dark-pós-tudo que virou
standard na ficção científica.
Temos grandes corporações no controle, cidades opressivas e meio ambiente devastado, sem contar o culto a Mercer, que não foi citado no filme de Ridley Scott mas é altamente importante na história: um messias que você cultua conectando-se a uma
via crucis virtual, sofrendo junto com outros fiéis do mundo todo. Todo mundo online interagindo, te lembra algo?
E como eu nunca vi resenha de livro sem uma palhinha da história, lá vai, pra você que saiu de um coma de 30 anos agora e não viu nem o filme:
Rick Deckard é um caçador de recompensas em um mundo destruído pela 3ª guerra mundial, e seus alvos são andróides Nexus-6 - máquinas perfeitas, quase humanos - que trabalham em colônias interplanetárias mas insistem em entrar ilegalmente na Terra. Sua meta é juntar dinheiro suficiente para comprar um animal vivo, um enorme símbolo de status em um mundo que aniquilou quase todos. Enquanto isso, finge alimentar uma ovelha robótica de estimação, que quando dá defeito é mandada para o conserto em uma falsa ambulância veterinária, pra não pegar mal com a vizinhança - afinal, animais sintéticos são de grande mau gosto.
O mundo acabando e as pessoas mais preocupadas com as aparências? Outra previsão do futuro acertada.
E se Deckard era ou não um replicante? Se andróides sonham com ovelhas elétricas? Vá ler o livro que isso aqui não é blog de
spoiler.